19 de jun. de 2008

Estudo aponta fatores de sucesso nos melhores sistemas educacionais

A pesquisa “Como os Sistemas Escolares de Melhor Desempenho do Mundo Chegaram ao Topo”, desenvolvida pela consultoria internacional McKinsey e apresentada ao movimento Todos Pela Educação na última semana, aponta os principais fatores comuns que contribuíram para o sucesso escolar de países como Finlândia e Coréia. O estudo, coordenado pela egípcia Mona Mourshed, demonstra que não apenas o financiamento ou a infra-estrutura, mas principalmente a capacitação e a valorização do professor são os grandes pilares da qualidade na Educação.

De acordo com a pesquisa, o fator que teve grande impacto no resultado dos países observados, e que é o ponto principal levantado pelo relatório, foi o trabalho do professor. O estudo mostra que a melhora na qualidade dos docentes pode ter um impacto substancial nos resultados dos alunos em um curto período de tempo. Segundo Mona Mourshed, a qualidade de um sistema educacional não pode ser maior que a dos seus professores.

Uma das principais características comuns aos países com os melhores resultados na Educação é o bom desempenho de seus professores, e essa qualidade se dá à medida que a profissão é valorizada. Nesses países, ser professor é a grande meta dos universitários, fazendo com que o processo de seleção de professores para a Educação Básica seja extremante concorrido. Dessa forma, são contratados os profissionais mais preparados. Na Coréia, por exemplo, os universitários que conseguem vaga para a Educação Básica estão entre os 5% com melhor desempenho na universidade. Na Finlândia, eles fazem parte dos 10% com as melhores notas e, em Cingapura, dos 30%.

Os sistemas de alto desempenho pagam bons salários e não deixam que nenhum aluno fique sem aprender. A Coréia é um grande caso de sucesso, segundo os pesquisadores, os melhores professores coreanos são direcionados para as escolas com os maiores problemas e esse desafio é visto como forma de reconhecimento da capacidade desse professor.

Sobre os recursos destinados a Educação, a pesquisa compara a pontuação obtida na avaliação do PISA, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, com o investimento feito por diversos países que possuem alto desempenho de ensino. Os dados mostram que, apesar do aumento significativo dos gastos dos países da OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os resultados estagnaram. Da mesma forma, nos EUA os resultados permanecem estáveis apesar do aumento do investimento por aluno. Conclui-se, portanto, que os bons resultados na Educação não estão relacionados exclusivamente ao gasto na área. Investir é imprescindível, mas é preciso saber onde e como utilizar estes recursos.

Outro fator que garante o sucesso das redes de ensino analisadas é o aprimoramento da utilização de recursos e gerenciamento de pessoas. Segundo o estudo, toda escola precisa de um grande dirigente. Cingapura, por exemplo, desenvolve um rigoroso sistema de seleção e formação dos diretores escolares. Programas de excelência em gestão escolar possibilitam a criação de sistemas de qualidade em larga escala, e não apenas em algumas escolas isoladamente.

Um dado interessante da pesquisa refere-se ao impacto das diferenças socioeconômicas nas habilidades dos alunos. O estudo mostra que o processo de aprendizagem começa antes mesmo de a criança entrar na escola e fica claramente evidenciado que o número de palavras ouvidas pelas crianças de 4 anos irão fortemente impactar sua formação posterior.

Além do investimento e dos estímulos, o relatório da McKinsey analisa a infra-estrutura escolar e afirma que 112 estudos examinaram os efeitos do tamanho de classe sobre o aproveitamento dos alunos e observaram um efeito não muito grande da diminuição do tamanho das classes. Nas palavras dos pesquisadores, “as variações da qualidade dos professores” superam totalmente qualquer efeito da alteração do tamanho das classes.

A fixação de padrões para o aproveitamento dos alunos também é fator de destaque no estudo, exemplo disto ocorre no Reino Unido. Segundo a pesquisa, a utilização de currículos padronizados assegura que todo professor, pai e aluno compreenda os objetivos do aprendizado e consiga acompanhar e cobrar o progresso do ensino. Esses parâmetros são revistos periodicamente e elaborados de forma que permitam a comparação entre outros países. (Imagem: www.teclasap.com.br/blog).