Por Fernando Medeiros
A
frota de motocicletas tem crescido bastante no Brasil nos últimos 10
anos e naturalmente com ela cresceu também o número de acidentes. Como
usuário diário de motocicleta já há alguns anos, observador do assunto e
tendo estudado alguns dados estatísticos, posso dizer com segurança que
cerca de 80% dos acidentes poderiam ser evitados com um pouco mais de
prudência, educação dos motoristas de qualquer veículo e pelos próprios
motociclistas, principalmente se tiverem mais preparo para utilizar a
motocicleta.
Com base nessa premissa, listo abaixo as cinco principais dicas para pilotar com segurança:
1 - Chuva - Em
dias de chuva os riscos são grandes para todos os veículos, mas para as
motocicletas são ainda maiores. Buracos escondidos por poças d'água,
piso escorregadio e visibilidade comprometida são apenas os mais
elementares, porém há muitos outros. Os motoristas dos carros olham
menos no retrovisor devido a atenção à frente e por vezes, não enxergam
direito e acabam entrando na frente das motos. Também há a questão do
frio que prejudica a mobilidade, assim como o grande número de roupas.
Outro risco grande é o jato de água que os carros e caminhões podem
jogar sobre as motos ao passarem em grandes poças d'água. Elas podem
desequilibrar o motociclista pelo susto ou força da água. Além dos
buracos a água também esconde a presença de óleo e detritos
escorregadios na pista.
2 - Pós-chuva - Quando
a chuva acaba os motoristas voltam a conduzir seus veículos com a
confiança e segurança de quem está andando em solo seco e com boa
aderência, no entanto para as motos este é um período crítico, pois a
chuva traz para o meio da rua areia e detritos que roubam toda a
aderência do piso, o que aumenta muito o risco de acidente. Em lugares
baixos este risco é muito maior, pois a água desce pelas ruas com maior
volume de detritos e maior capacidade de espalhá-los.
3 - Óleo nas curvas - As
chances de ter óleo na pista são muito maiores em curvas do que em uma
via reta. É simples entender o porquê. Nos caminhões os tanques de
combustível ficam nas laterais e com a boca virada para o lado de fora.
Quando estes caminhões estão com o tanque cheio e fazem curvas mais
fechadas, o risco de derramar o combustível é muito grande. É bastante
comum acontecer acidentes, por exemplo, em alças de acesso a pontes,
onde a curva é fechada e com certa velocidade. Passar de moto sobre este
combustível é certeza de queda, pois em uma curva é quase impossível
segurar a moto nestas condições. Para evitar este tipo de acidente, o
ideal é fazer a curva em baixa velocidade e na parte de dentro da pista.
É fundamental estar devagar para não derrapar e cair na frente ou
embaixo de outro veículo. Outro ponto é que os detritos do solo são
lançados na parte de fora da curva, deixando o solo com menor aderência
nesta área.
4 - Distância de seguimento - Mais
comum do que se imagina é acontecer colisões traseiras entre
motocicletas ou mesmo com carros e outros veículos. Isto ocorre porque
inexplicavelmente os motociclistas costumam andar “colados” no veículo a
sua frente, principalmente nos corredores. A distância segura é de pelo
menos 15 ou 20 metros. Pelas características dos pneus das motos a área
de atrito com o solo é muito menor, portanto requer mais espaço para
parar.
5 - Cuidados entre os carros - Apesar
de polêmica a prática de pilotar entre os carros é uma realidade da
qual não podemos mais fugir. A questão é matemática nas capitais. Se a
motos que andam entre os carros adotarem o centro das faixas de rodagem,
estaremos tirando espaços hoje ocupados por carros e o trânsito ficaria
pior do que já é. Em São Paulo, por exemplo, onde a frota circulante é
de 1 milhão de motocicletas, podemos considerar que apenas 20% delas
estão nas ruas ao mesmo tempo, portanto 200 mil. Considerando que uma
moto precisa de pelo menos 4 metros para rodar, (isto em trânsito
parado, pois a moto tem quase 2 metros, mais 1 metro à frente e outro
atrás), estaremos tirando das ruas 800 km de asfalto para os carros. A
consequência disto seria simplesmente a inviabilidade do trânsito na
cidade.
Voltando
a questão da segurança é importante tomar muitos cuidados nos
“corredores”. A velocidade para pilotar com segurança é de no máximo 70
km/h. Mesmo que o limite da via seja maior, para a sua segurança, não
ultrapasse esta velocidade. Caso não tenha motocicleta alguma à sua
frente utilize a buzina para chamar a atenção dos motoristas. É sabido
que eles não gostam, mas é uma questão de segurança para o motociclista.
Se a sua moto tiver o recurso do lampejador de farol utilize-o à noite,
pois é mais eficiente do que a buzina.
Conforme
mencionamos acima, mantenha a distância e jamais tente ultrapassar sem
que a moto à frente lhe tenha dado passagem. Este é um dos maiores
motivos de acidentes nos corredores. Mantenha seus espelhos retrovisores
bem posicionados e não tente passar por espaços duvidosos. Quando tiver
a sua frente um espaço do qual você se pergunte: será que passa? Sempre
responda para si mesmo NÃO! Se a situação levou você a se questionar é
porque o espaço é apertado e não lhe garante segurança.
Caro
amigo leitor, sou usuário de motocicleta e conheço bem o dia a dia e o
prazer de pilotar sobre duas rodas. Vejo diariamente pessoas se
submetendo a riscos desnecessários para ganhar segundos que,
dificilmente, farão a diferença quando você chegar ao seu destino.
Considere o tempo que você já está ganhando pelo simples fato de estar
de moto. Por mais que você tente correr o tempo ganho não compensa o
risco ao qual se expõe. Andar de moto é muito prazeroso, mas viver é
muito melhor!
Fernando Medeiros é diretor executivo da ASSOHONDA.
(11) 50547733
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