Todos os meses 20 pessoas de Botucatu viajam de ônibus para o Rio de Janeiro - estado que já registrou 54 mortes por dengue este ano. A informação é da empresa Andorinha/ São Jorge, responsável por essa linha rodoviária. A maioria que se desloca daqui para o Rio é formada de estudantes e moradores de Botucatu que têm parentes no estado carioca.O fluxo de pessoas preocupa a Secretaria Municipal de Saúde. "Isso preocupa, mas não temos muito o que fazer. Se a pessoa chegar com os sintomas deve procurar uma unidade de saúde. Se for notificado o caso como suspeita de dengue, será feito o bloqueio com visitas nas casas em um raio de 500 metros, dependendo do local", informa o secretário Municipal de Saúde, Valdemar Pereira de Pinho.
Também pode ser feita a pulverização do bairro para matar mosquitos, que podem voar em um raio em torno de 100 metros e proliferar a doença. A cidade tem uma infestação de larvas (Índice de Breteau) de 2,10. O preconizado pelo Ministério da Saúde é que esse número seja de 1,0. "Estamos bem se comparado com outras cidades, mas ainda assim acima do limite", informa Pinho.
Não dá para impedir viagens
Ele lembra que não há como impedir as viagens ao Rio, já que muitos têm seus compromissos naquele estado. Mas já houve casos na cidade das pessoas que chegaram de fora "contaminarem" outras que foram picadas pelo mosquito em Botucatu. "Essa pessoa que chegou de outra cidade veio para ser cuidada no ano passado e todos na mesma casa acabaram com dengue. O segredo é o combate ao Aedes, eliminando os focos do mosquito. A Vigilância em Saúde Ambiental tem feito um grande trabalho de conscientização, orientando as pessoas, mas não dá para estar em todas as casas", afirma o secretário.
Botucatu teve 24 notificações de casos suspeitos de dengue este ano.Cinco deles deram negativo e os demais ainda não tiveram os resultados dos exames concluídos. No Rio, durante os primeiros 84 dias do ano foram confirmados 41.978 casos da doença - quase o dobro dos 25.107 casos verificados em 2007. Os dados deste ano indicam que 49% do total referem-se a adultos com idade entre 20 e 49 anos.
Carioca que estuda em Botucatu não teme doença
A veterinária Simone Henriques Mangia (27) tem viajado uma vez por mês à cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Ela é carioca e faz pós-graduação em Botucatu, onde mora há três anos e quatro meses. "No Rio sempre tem muitos casos da doença, mas nem eu ou minha família pegamos dengue, mesmo estando em uma área endêmica. Não tenho medo de viajar para o Rio", disse.
A carioca diz que conhece de 10 a 15 pessoas, a maioria do meio acadêmico, que se desloca com freqüência ao Rio. "Na minha república moramos em três. Sempre viajamos de carro para o Rio", cita a veterinária.
Imagem - Rio de Janeiro (RJ) - Cerca de 20 crianças com suspeita de dengue aguardam atendimento no Hospital Estadual Dom Pedro II, no bairro de Santa Cruz, zona oeste da cidade Foto: Marcello Casal JR/ABr
