No casamento, a violência está ligada, entre outros fatores, às expectativas entre os cônjuges, à dinâmica conjugal e, principalmente, à comunicação construída por eles durante o relacionamento
Em algumas regiões do país a agressão à mulher ainda é aceita como uma ação comum. O homem é reconhecido como senhor da casa, da mulher, da família. Entretanto, a mulher não tem mais aceitado essa situação. As diversas campanhas de repúdio à violência contra a mulher têm tido eficácia para criar um sentimento de emancipação no relacionamento, principalmente no que se refere ao direito de a mulher se proteger e denunciar o companheiro que a agride.
Segundo a psicóloga Heloisa Fleury, tanto os homens quanto as mulheres em situação de violência familiar parecem sentir necessidade de se defender e de defender seu lugar na família. “Um só se percebe reconhecido quando se sobrepõe ao outro”, declara Heloisa, que é Coordenadora Geral do Departamento de Psicodrama do Instituto Sedes Sapientiae (DPSedes).
Atualmente, o modelo de família ainda se apresenta em configurações tradicionais como pai, mãe e filhos. “Têm-se as masculinidades atreladas à independência, autoridade, superioridade, infidelidade, enquanto às mulheres é solicitada uma adequação ao masculino, que implica oposição e ajustamento ao homem e em dependência, submissão, fidelidade e passividade. Esse olhar pode ser responsável pela naturalização da violência masculina e pela invisibilidade da violência praticada pelas mulheres”, relata a psicóloga.
Heloisa Fleury revela que é comum a avaliação de um mesmo fato ser positiva para um e negativa para o outro. “Os papeis adquiridos com o casamento, e o próprio casamento, resultam em satisfações novas, mas também trazem novos conflitos. No casamento, a violência está ligada, entre outros fatores, às expectativas entre os cônjuges, à dinâmica conjugal e, principalmente, à comunicação construída por eles durante o relacionamento”, afirma.
Tais conclusões foram extraídas do estudo “Homens e Mulheres envolvidos em violência e atendidos em grupos socioterapêuticos: união, comunicação e relação”, publicado integralmente na Revista Brasileira de Psicodrama, da qual Heloisa Fleury é editora responsável.
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