** Por Maria Helena Jorge Branco
Boa noite Senhor Presidente da Câmara, Srs. Vereadores, e boa noite a todos os presentes.
Boa noite Senhor Presidente da Câmara, Srs. Vereadores, e boa noite a todos os presentes.
Um dia de setembro de 1995 um
homem sem dor, lúcido, andando, com um livro embaixo do braço, entra no
hospital da Unesp e 4 meses depois sai demente, cheio de dores e de escaras e
sem as duas pernas, e vem pra casa para ser cuidado por alguém que não sabia
lidar direito com aquela situação. A vida de toda a família vira de pernas para
o ar. E aquela pessoa que era boa no trato, doce, afável, poliglota dotado de
uma inteligência que era como um sol que não tinha como esconder seu brilho,
torna-se agressivo, desorientado e quem falava 5 línguas, não sabia contar em
português, o que queria e o que sentia.
E ai um dia, dona Nair, a
nossa Nair, que eu não conhecia, entra na minha casa para entrevistar o meu
doente, o meu marido, e me convida para fazer um curso para cuidadores que
estava acontecendo no Centro Escola do Bairro. Fui, e na apresentação, quando
foi perguntado a cada frequentadora do curso, porque estava ali, a resposta de
cada uma dessas mulheres era, cuido do meu marido, outra - cuido da minha mãe,
outra - cuido de minha sogra - claro - eram só mulheres as que foram fazer o
curso. E quando nos foi perguntado se alguém tinha alguma ideia, sobre como
lidar com isso, como melhorar essa situação de cuidador e do idoso, foi
sugerido, um centro de convivência só para idosos que tivessem limitações
físicas ou psicológicas, ou as duas. Cada uma de nós argumentou: o cuidador não
sabe direito como agir, não há orientação adequada para ele, ele não tem ajuda
da família na maioria das vezes, nem financeira, nem operacional; resumo da
ópera, ele o cuidador é um solitário em seu trabalho.
E dessa união de desabafos e
de queixas, nasceu a ideia do Aconchego, nome esse sugerido pela Nair. E
começamos a trabalhar, a pensar, a sonhar nosso centro de convivência. E como
sonhar não paga imposto e não lesa ninguém - sonhamos alto - sonhamos um lugar
onde o idoso fosse acolhido, estimulado, paparicado e querido; sonhamos um
lugar, onde a família desse idoso fosse orientada e ouvida e sonhamos um lugar
onde o cuidador - esse que não tem espaço pra viver sua própria vida, que não
tem quem o ajude, esse cuidador, seja acolhido, orientado, num espaço onde ele
se encontre com outros cuidadores, ouça também as dores dos outros, e juntos
recebam carinho, conforto, solidariedade e orientações. E que o psicólogo que
ouve seu idoso, o ouça também, relativize e o absolva de seus sentimentos de
culpa. E esse Aconchego que sonhamos está hoje, 13 anos depois, em toda
plenitude. Já somos de utilidade pública municipal, estadual e com a Federal,
prestes a ser aprovada. Somos hoje referência em cuidados com idosos.
Temos instalações bonitas, úteis,
adequadas e confortáveis e contamos com uma equipe de funcionários e técnicos
em todas as áreas necessárias à esse atendimento: 2 psicólogos, 2
fisioterapeutas, assistente social, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional,
coordenadora técnica, coordenadora administrativa, secretária, enfermeiro
e cuidadores. Pensamos e implantamos esse centro de Convivência, sob o signo da
sorte. Fomos desenvolvendo devagar, um passo de cada vez, mas com firmeza, com
segurança.
Hoje atendemos 100 idosos ao
mês, divididos em idosos sadios e idosos comprometidos.
Na parte da manhã temos por
norma fazer um trabalho preventivo com idosos que tem sua independência,
raciocínio e mobilidade assegurados com oficina da memória, oficina da voz,
dança sênior, atendimento de artrite e artrose e caminhada.
Também na parte da manhã, há
visitas domiciliares com orientações às famílias sobre cuidados com acamados
pelo enfermeiro e pelas fisioterapeutas, bem como há aplicações de laser em
feridas e escaras.
Na parte da tarde atendemos
da 1 às 5h os idosos que são portadores de Alzheimer, Parkinson, demências,
deficiências visuais e auditivas, bem como a mutilados. Damos a esse idosos,
atividades que a patologia de cada um permita desenvolver: bingo, pintura,
quebra-cabeças, jogos de montar, de damas; fisioterapia, dança sênior,
bate-papos, contação de causos, filmes e música e como ninguém é de ferro, um
lanche bom, balanceado, atendendo às exigências do estado de saúde de cada um.
A cada mês há uma reunião com
as famílias, e a cada 15 dias há uma reunião específica dos cuidadores, para
serem ouvidos e orientados.
Como tocamos financeiramente
o Aconchego? Temos e procuramos cada vez mais por sócios contribuintes. Com uma
contribuição mensal a partir de 30,00 reais, com um boleto que é mandado em sua
casa, o nosso contribuinte colabora para que tenhamos uma receita fixa por mês,
para nossas despesas que não são poucas. Temos uma verba anual que a prefeitura
nos destina, mas que só ela não cobre as nossas despesas, mas sabemos que toda
vez que precisamos que a Câmara Municipal aprove alguma verba a nós destinada,
ela, Câmara, sabedora de nosso trabalho, da seriedade com que ele é feito,
sempre aprovará.
Para complementar as nossas
necessidades, periodicamente fazemos eventos como jantares, almoços, festas
juninas e nossa tradicional festa do Queijo e Vinho no mês de Setembro; e
senhores vereadores, podem esperar que quando setembro vier, estarei aqui dando
aos senhores a oportunidade de comprarem seus convites. Com esse painel exposto
por mim sobre o trabalho do Aconchego, quero mostrar a todos a importância do
atendimento à velhice em nossa terra, que é um dos lugares do estado de São
Paulo que tem mais idosos, a importância dada as famílias e aos cuidadores para
que esses idosos tenham um final de vida digno, com carinho e assistência e que
os cuidadores tenham um espaço de acolhimento e compreensão ao trabalho que
desenvolvem.
Não podemos deixar de
agradecer aos governos municipais passados e atual, aos voluntários que nos
ajudam a complementar o trabalho que desenvolvemos e a toda equipe que trabalha
no aconchego.
Gostaria agora de passar um
vídeo, mostrando aos senhores o Aconchego em sua atividade.
Obrigada a todos.
Maria Helena Jorge Branco - coordenadora do Aconchego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário