Aparelho, avaliado em 172 mil dólares, foi adquirido através do “Programa Equipamento Multiusuários” da Fapesp.
Através
de uma iniciativa coordenada pela professora Renée Laufer Amorim, do
Departamento de Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, a Unesp de Botucatu passa a contar com um sistema de
microdissecção para isolamento de células, componentes de organelas e
organismos.
O
equipamento, avaliado em 172 mil dólares, foi adquirido através do
Programa Equipamento multiusuários da Fapesp, destinado à aquisição de
instrumentos científicos caracterizados por terem utilidade, de forma
continuada, para um conjunto de pesquisadores com ampla experiência e
comprovada competência.
Em
geral, os equipamentos adquiridos através do programa têm custo
inacessível a solicitações em Auxílios Regulares à Pesquisa e Projetos
Temáticos. As solicitações devem ser sustentadas por pelo menos três
projetos associados de pesquisa, coordenados por diferentes
pesquisadores, com sólido histórico de realizações científicas ou
tecnológicas, e apoiados pela Fapesp.
O
projeto para a aquisição do sistema de microdissecção reuniu treze
pesquisadores que atuam em diferentes áreas, como patologia veterinária,
clínica e cirurgia veterinária, genética básica e aplicada, morfologia,
para estudo de marcadores genéticos e biologia molecular. São quatro
patologistas, quatro morfologistas, dois clínicos e cirurgiões
veterinários e três biologistas moleculares que garantem o adequado uso
do equipamento em todas as fases do processamento, desde a
caracterização morfológica e microdissecção de amostras, até as análises
de expressão gênica, detecção de mutações e alterações epigenéticas.
Os
pesquisadores envolvidos no projeto atuam junto às seguintes unidades
da Unesp: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, Faculdade de Medicina, Instituto de
Biociências, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas e todos
os projetos vinculados estão relacionados aos respectivos programas de
pós-graduação de cada unidade.
O equipamento
O
equipamento adquirido e instalado no laboratório Neo Gene, coordenado
pela professora Silvia Regina Rogatto, do Departamento de Urologia da
Faculdade de Medicina, é um microscópio que oferece a possibilidade de
microdissecar tecidos, ou seja, separar suas células e organelas,
através de cortes a laser de grande precisão, para que sejam submetidos a
outros tipos de análises.
Associada
às técnicas de biologia molecular cada vez mais sensíveis, a
microdissecção tornou-se uma ferramenta indispensável na pesquisa em
patologia. Frequentemente, a técnica é utilizada como alternativa para
contornar os obstáculos impostos pela complexidade dos tecidos e para a
obtenção de populações homogêneas de células identificadas
morfologicamente.
A
microdissecção a laser é uma técnica desenvolvida para o isolamento de
populações celulares puras ou de células únicas. A técnica é bastante
versátil, permitindo análise de DNA, RNA ou proteínas, extraídos por
várias abordagens metodológicas e é compatível com uma variedade de
tipos celulares, métodos de coloração, protocolos de preservação
tecidual que permitem a microdissecção em amostras ou frascos de
arquivo.
Na
medicina veterinária, o uso desse sistema não é difundido em razão do
alto custo do equipamento e por se tratar de uma tecnologia recente.
Dentre os projetos envolvidos, a principal linha de pesquisa é com
câncer, mas o equipamento pode ser utilizado para qualquer tecido,
cultivo celular ou alguns organismos.
Em
oncologia, avanços recentes resultaram na caracterização de alterações
genômicas e de perfis de expressão gênica específicos das células
tumorais, com grande impacto no diagnóstico, prognóstico e tratamento do
câncer. Entretanto, a precisão dos dados obtidos depende estritamente
da composição da amostra biológica analisada. “Ao permitir que o
pesquisador distingua e isole as células alvo do estudo das células ou
do tecido adjacente, a microdissecção agregará valor à informação
obtida, permitirá a realização de trabalhos com alta qualidade
tecnológica e a publicação de artigos em periódicos de maior impacto”,
salienta a professora Renée Laufer Amorim.
Além
disso, o equipamento de microdissecção permitirá o desenvolvimento de
projetos mais elaborados, incrementando a formação dos alunos vinculados
aos programas de pós-graduação nas áreas dos projetos. “O grupo estará
também se especializando em tecnologia de última geração, incluindo
análise genômica em larga escala”, avalia a professora Renée. “O
equipamento também poderá ser usado utilizado por outros pesquisadores e
permitirá a troca e a comparação de mecanismos patogênicos entre a
espécie humana e animal nas diferentes afecções avaliadas por esta
técnica”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário