29 de fev. de 2008

Centro da cidade parou para receber presos da maior rebelião da cadeia local



Valparaíso (GO) - Presos lotam cadeia pública do município. Parlamentares da CPI do Sistema Carcerário visitam o local Foto: Antonio Cruz/ABr

Presos que participaram da maior rebelião que Botucatu já viu, ocorrida nos dias 19 e 20 de julho de 1997, estiveram esta semana em Botucatu. Eles acompanharam o depoimento das testemunhas de acusação no processo de homicídio e tortura já que dois detentos: Aparecido Messias e Manoel Gomes Lima, foram espancados e esfaqueados até a morte pelos demais encarcerados, segundo notícias do Diário da Serra veiculadas naquela época.

Para receber os presos na 2ª Vara Criminal de Botucatu - localizada na Rua General Telles - foi interditada a Rua Major Leônidas Cardoso, na quadra entre a Avenida Dom Lúcio e Gal. Telles, por onde os 12 presos entraram em comboio. Foram usadas viaturas da PM, além de policiais armados em frente ao local. Deram depoimento os delegados: Antonio Soares da Costa Neto, Paulo Buchignani, Celso Olindo e Sérgio Castanheira, este que na época era diretor interino da unidade. Mais três carcereiros deram depoimento. Os detentos têm direito a acompanhar as audiências.

REBELIÃO SANGRENTA
A cadeia teve em 1997 a maior da história. Existem 89 presos (110 a menos que hoje). Sérgio Castanheira conta como foi o início daquela rebelião. “Recebemos o preso Leozinho, depois de uma rebelião em Laranjal Paulista. Pedi para orientá-lo que aqui não poderia agir como ocorreu naquela cidade. Mas os presos compraram a briga dele, dizendo que se quisesse era para eu, como delegado, entrar lá e questionaram porque ele estava separado dos demais. Eu disse que quem manda na cadeia é a Polícia. Eles começaram a gritar que eram os bandidos. Logo a cadeia foi tomada”, relembra.

REFORÇO DA ESTRUTURA

Se não fosse a reestruturação feita na cadeia após a rebelião, informa Castanheira, a unidade não manteria os 200 homens hoje sem motins. “Foram colocadas as travas elétricas [que abre e fecha as celas], ainda uma entregrade antes do pátio e reforço na laje e piso”, conta.

Parte dos presos, segundo o delegado, pertencem ao PCC. A rebelião durou 20 horas. Um dos mortos, Aparecido Messias estava preso acusado de estuprar a enteada de seis anos; já Manoel Lima (52) era acusado de matar sua mulher a tesouradas.